À medida que o Brasil se aproxima da implementação de uma reforma tributária significativa, as empresas são incentivadas a repensar suas estratégias fiscais. Compreender a dinâmica do mundo digital nunca foi tão essencial quanto agora para alcançar eficiência nas operações tributárias. A integração de novos sistemas e tecnologias, embora exija um investimento inicial, é crucial para que as organizações gerenciem dados de forma inovadora e promovam transformações contínuas.
Historicamente, a complexidade do sistema tributário brasileiro tem sido um obstáculo para a eficiência operacional das empresas. A promessa de simplificar esse sistema, unificando tributos e reduzindo obrigações acessórias, pode recebida com otimismo. No entanto, o processo de transição será repleto de desafios. As empresas precisam entender os impactos específicos da reforma em suas operações, e isso não se limita apenas à função fiscal ou financeira. A unificação dos tributos, apesar de prometer simplificação a longo prazo, inicialmente exigirá um esforço considerável para ajustar processos e sistemas existentes.
A digitalização dos processos fiscais e o uso de Inteligência Artificial têm o potencial de reduzir drasticamente o impacto das mudanças para as novas regras. Além disso, o avanço tecnológico proporciona maior visibilidade e acesso facilitado aos dados da empresa, o que contribui para uma função fiscal mais eficaz e estratégica.
Entre as inovações tecnológicas que podem ser incorporadas no contexto da Reforma Tributária, destaca-se a adoção de sistemas de hiperautomação e Inteligência Artificial Generativa para a gestão de documentos, desde o processo de entrada até o pagamento. Também são importantes as plataformas interativas de Business Intelligence, Data Analytics, Data Quality e Cross-Checking para a gestão tributária das empresas. Tecnologias que permitem cálculos automatizados dos impactos da reforma tributária em cada setor também estão ao nosso alcance, oferecendo recursos para análise e acompanhamento instantâneo das mudanças significativas que estão por vir.
Dessa forma, a exploração de dados em grande escala e a aplicação de Inteligência Artificial são ferramentas valiosas para transformar a função fiscal, adotando inovações e atraindo recursos ágeis capazes de lidar com os desafios da reforma tributária.
É fundamental reconhecer que os especialistas e líderes tributários desempenham um papel essencial como agentes de transformação, especialmente na liderança da função fiscal durante o período de transição. No entanto, a reforma tributária no Brasil estende seu impacto muito além da área fiscal e financeira, influenciando significativamente diversos setores dentro das organizações, como Manufatura e Logística, Compras, Jurídico e Marketing. Compreender as ramificações dessa reforma é vital para que as empresas naveguem com eficácia pelos desafios emergentes. As mudanças propostas têm o potencial de reconfigurar a estrutura de custos, influenciar a formação de preços de produtos e serviços, redefinir as relações e negociações com fornecedores, além de afetar a escolha de parceiros comerciais e a gestão de contratos. Uma avaliação detalhada das alterações legislativas também é imprescindível para garantir a conformidade com as novas normas e mitigar possíveis riscos legais.
Em resumo, a adoção de novas tecnologias e a adaptação bem-sucedida a essas mudanças exigem uma visão holística do negócio e uma estratégia integrada que considere o impacto em todas as áreas funcionais. As empresas que conseguirem se adaptar rapidamente e tirar proveito das novas tecnologias estarão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios que surgirão com a reforma.
Em conclusão, a reforma tributária marca um ponto crucial que exige inovação e adaptação por parte das empresas. A tecnologia, nesse contexto, se torna uma aliada indispensável para as organizações poderem enfrentar o novo cenário com maior segurança e eficiência. As empresas que conseguirem integrar tecnologia e estratégias fiscais de maneira inteligente estarão mais bem preparadas para superar os desafios e capitalizar nas oportunidades que emergirão no horizonte fiscal brasileiro.
Giovanni Schiavone é sócio líder da EY para “Tax Technology and Transformation” no Brasil. Tem mais de 20 anos de experiência e é especialista em transformação e tecnologia tributária, compliance e consultoria tributária.
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Esse artigo foi publicado com exclusividade na Revista da Reforma Tributária. Acesse a edição completa aqui (é gratuito)
