Por Redação
Na última quinta-feira (23), a sede da KPMG em São Paulo foi palco de um encontro presencial que reuniu especialistas, autoridades e líderes do mercado para discutir os impactos da reforma tributária. O evento, que também foi transmitido online, contou com a participação de nomes de destaque: Alexandre Amorim, presidente do Serpro; Daniel Loria, ex-diretor da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária; Maria Isabel Ferreira, sócia da KPMG; e os representantes da ROIT, Lucas Ribeiro e Caroline Souza.
As discussões centraram-se na regulamentação da nova legislação e no papel da inteligência artificial (IA) como ferramenta estratégica para modernizar os processos fiscais.
Alexandre Amorim, presidente do Serpro, abriu o evento destacando o papel da tecnologia na implementação da reforma tributária. Ele reforçou a importância de um diálogo contínuo entre governo e setor privado para criar soluções alinhadas à realidade empresarial brasileira.
“Não adianta construir sistemas distantes da realidade do contribuinte. A colaboração é essencial para o sucesso,” afirmou Amorim.
Split payment: Solução promissora, mas ainda cheia de desafios
Daniel Loria, ex-diretor da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária, trouxe sua experiência para o debate ao abordar o split payment, modelo que busca dividir o pagamento de impostos diretamente na fonte.
Além disso, Loria esclareceu que a nova tributação do IBS e CBS será integrada à base do ICMS, o que trará implicações diretas para o sistema fiscal como um todo.
Loria apontou também, as dificuldades do modelo, especialmente em operações no segmento B2C, e destacou a importância de projetos piloto.
“A implementação precisa ser gradual. Segmentar por porte de empresa ou por setor é uma alternativa viável para mitigar riscos,” afirmou.
Ele também ressaltou a necessidade de uma legislação clara e alinhada entre os entes federativos, frisando a complexidade das negociações internas no governo.
“Há muitas horas de trabalho que ficam invisíveis ao público, mas que são fundamentais para o andamento do projeto,” comentou Loria.
Empresas precisam se preparar para os impactos no caixa
Do lado das empresas, Lucas Ribeiro, CEO da ROIT, destacou a importância da tecnologia para enfrentar os desafios da reforma tributária. Ele reforçou que a automação e a inteligência artificial serão diferenciais obrigatórios na nova realidade fiscal.
“A reforma tributária exige que as empresas se adaptem rapidamente. Ferramentas tecnológicas não são mais um luxo, mas uma necessidade,” declarou.
Caroline Souza, CFO da ROIT, chamou atenção para os impactos financeiros da reforma, com foco na gestão de fluxo de caixa e na conciliação dos pagamentos.
“O split manual associado à apuração assistida traz desafios importantes, especialmente na organização financeira das empresas,” explicou Caroline.
Colaboração e inovação: O caminho para uma transição bem-sucedida
A regulamentação da reforma tributária representa um dos maiores desafios fiscais do país nas últimas décadas. No entanto, o evento da KPMG deixou claro que o diálogo entre os setores público e privado, aliado à inovação tecnológica, será essencial para superar barreiras e criar um sistema tributário mais eficiente e transparente.
“A primeira vez que eu ouvi o Bernard Appy falando sobre a reforma tributária, ele disse algo que chamou bastante a minha atenção: essa reforma tributária do consumo é, na verdade, uma reforma dos negócios. E, de fato, estamos sentindo na pele que é exatamente isso. Eu acho que o Tax é o maestro dessa orquestra, mas há muitas outras áreas impactadas”, falou Maria Isabel Ferreira, sócia-líder de Impostos Indiretos da KPMG no Brasil.
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