Reduzir tributo sobre pneus reformados teria impacto de só 0,01% no IVA, diz ABR

Associação defende alíquota reduzida para setor, destacando impacto mínimo na arrecadação e grandes benefícios ambientais, como economia de petróleo e redução de emissões de CO2

Por Redação

Durante audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Lucas Ribeiro, representante da ABR (Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus), defendeu a implementação de um regime tributário que dê equidade para o setor de pneus reformados.

Ribeiro argumentou que a redução da alíquota proposta pela ABR, que beneficiaria a economia circular e a sustentabilidade, teria um impacto mínimo de apenas 0,01% no IVA dual, mas traria enormes benefícios econômicos e ambientais.

A redução da alíquota de 60% para o setor de reforma de pneus causaria um impacto insignificante, de apenas 0,01%, na arrecadação, mas os benefícios para o meio ambiente e a competitividade do setor seriam imensos,” destacou Ribeiro, que também é CEO da ROIT.

Leia trecho da apresentação (aqui a íntegra, de 12 páginas):

Cálculo encomendado pela ABR mostra o baixo impacto de uma mudança para reduzir o impacto no setor

Entre as principais propostas da ABR, destacam-se:

  • Redução de 60% na alíquota de pneus reformados: Ribeiro afirmou que a redução da alíquota para pneus reformados garantiria a competitividade do setor e estimularia o consumo de produtos sustentáveis. “Essa redução não comprometeria a arrecadação do governo, mas garantiria que o pneu reformado se tornasse uma opção economicamente viável para consumidores e empresas”;
  • Economia de recursos naturais: Ribeiro destacou que, nos últimos 10 anos, o setor de reforma de pneus economizou 5 bilhões de litros de petróleo e evitou a emissão de 26 milhões de toneladas de CO2. “A reforma de pneus é uma solução clara para a economia circular, contribuindo para a preservação dos nossos recursos naturais,” disse o representante”;
  • Competitividade para pequenas empresas: Composto por 1.384 pequenas empresas, o setor de reforma de pneus atende mais de 250 mil transportadoras. Segundo Ribeiro, essas empresas seriam severamente prejudicadas sem a redução tributária. “Se o pneu novo custa o mesmo que o reformado, o consumidor inevitavelmente optará pelo novo, o que afetará diretamente essas pequenas empresas que não têm margem para competir,” explicou.
  • Benefícios econômicos e ambientais: “80% dos materiais usados em um pneu novo são economizados quando ele é reformado, permitindo até duas reutilizações adicionais,” explicou Ribeiro. Ele enfatizou que a reforma de pneus estende a vida útil do produto e reduz o impacto ambiental em toda a cadeia produtiva, desde a produção até o descarte;
  • Garantia de segurança e sustentabilidade: Ribeiro também apontou que o pneu reformado oferece mesma durabilidade e segurança que um pneu novo, tornando-se uma alternativa viável e ambientalmente responsável. “Além de sustentável, a reforma de pneus é essencial para a segurança das estradas e do transporte rodoviário no Brasil”;
  • Concorrência desleal com pneus importados: O setor ainda enfrenta a concorrência de pneus importados de baixa qualidade, que muitas vezes entram no país de forma irregular. “Esses pneus, subfaturados e de baixa qualidade, prejudicam ainda mais as empresas de reforma no Brasil. Precisamos de políticas que protejam e incentivem o setor nacional,” alertou Ribeiro.

Além disso, Ribeiro reforçou que, além de proteger o meio ambiente, a medida contribuiria para o desenvolvimento sustentável do país sem prejudicar as contas públicas. O impacto de apenas 0,01% na alíquota não comprometerá o orçamento do governo, mas salvará pequenas empresas e ajudará a preservar o meio ambiente para as futuras gerações,” concluiu.

Senadora sai em defesa do setor

Durante o debate, a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) interveio e fez uma defesa do segmento de economia circular: “A pergunta que se faz é: qual é o meio ambiente que nós queremos? Qual é o ambiente de negócios que nós queremos? E por que não foi pensado nada nessa linha? Nós estamos com sérios problemas: pneus importados de baixa qualidade entrando, subfaturados”.

A congressista alertou haver risco de aumento nos preços em 20% se nada for alterado na reforma. O setor reforma 14 milhões de pneus por ano (fora os dos automóveis). “Mas eu estou preocupada. Nós somos 5 mil empresas na cadeia, e não sei como vai ficar se continuar desse jeito”.

A senadora estuda apresentar emendas para acabar com o impacto da reforma tributária no setor e vem fazendo várias reuniões com grupos técnicos para dirimir a situação.

A senadora Margareth Buzetti
A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) disse que tema um fechamento de empresas no segmento de reforma de pneus se nada for feito; segmento reaproveita 14 milhões de unidades por ano – Foto: Roque de Sá via Senado

Leia mais sobre o debate no Senado: