Por Marcos Gimenez
Nos últimos anos, muitas empresas vêm adotando o modelo de Business Process Outsourcing (BPO) como uma solução para otimizar processos operacionais, reduzir custos e manter o foco no core business. Atividades como contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento, recebimento de bens e serviços, atividades fiscais e contabilidade, tradicionalmente consideradas secundárias ou repetitivas, têm migrado para esse modelo.
Com a introdução do IVA dual por meio da CBS e IBS, a reforma tributária não apenas representa uma mudança estrutural no sistema tributário, mas também oferece uma oportunidade única para que empresas revisem suas estratégias de negócio. Uma dessas oportunidades está no movimento de terceirização das atividades que não fazem parte do core business das organizações.
A lógica é simples, mas poderosa: manter atividades que não são centrais para o negócio dentro da folha de pagamento da empresa, especialmente no novo modelo tributário, pode resultar em uma perda de eficiência financeira. Isso ocorre porque tais despesas não geram créditos tributários significativos para a apuração de IBS e CBS. Em contrapartida, ao terceirizar essas atividades para empresas especializadas, as organizações não apenas otimizam suas operações com parceiros que dominam essas áreas, mas também garantem créditos tributários que podem ser utilizados para reduzir o impacto da carga fiscal.
Estamos a menos de 13 meses do início do período de transição e sabemos que os contribuintes ainda enfrentam grandes dúvidas e dificuldades em vários temas. Entre eles estão o mapeamento de áreas e sistemas impactados, a necessidade de adotar uma solução que possa auxiliá-los nos cálculos e impactos tributários (calculadora para a reforma tributária), o dimensionamento de equipe, a necessidade de adoção de novas tecnologias, entre outros desafios. Essa complexidade exige uma abordagem clara e bem estruturada para navegar no cenário que se aproxima.
Portanto, é crucial que as empresas definam desde já o seu plano de contingência para esse período desafiador. Nesse contexto, olhando também para o curto prazo, a terceirização de processos fiscais, por exemplo, ganha protagonismo como um dos melhores planos de contingência para os executivos de finanças. Terceirizar uma etapa e homologar um fornecedor de outsourcing para suas atividades fiscais e contábeis neste momento é o equivalente a contratar uma apólice de seguro para um início que promete ser turbulento a partir de janeiro de 2026.
O BPO passa de executor a protagonista, entregando mais do que processos: entregando valor estratégico e diferencial competitivo para seus clientes. A terceirização de processos nunca foi tão estratégica quanto será no cenário da Reforma Tributária. O que antes era uma escolha por eficiência operacional, agora se torna uma decisão essencial para o planejamento tributário e a vantagem financeira das empresas.
Marcos Gimenez é CEO da Bravo e idealizador do Programa GARRA. Especialista em tecnologia e outsourcing, com mais de 15 anos de experiência em otimizar a gestão fiscal de grandes empresas, sua trajetória é marcada pela liderança de equipes e pela implementação de soluções inovadoras que simplificam processos e aumentam a eficiência tributária.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.