A retirada da urgência na tramitação da reforma tributária no Senado trouxe à tona um paradoxo interessante. Enquanto para alguns essa decisão significa um alívio, para outros pode ser um sinal de alerta. Afinal, tempo extra pode ser sinônimo de mais debates e ajustes, mas também de novos riscos.
Por um lado, essa retirada de urgência pode ser vista como uma oportunidade. Empresas, tributaristas e demais atores da sociedade civil ganham mais tempo para debater pontos sensíveis do PL 68/2024 com os Senadores e a equipe técnica do governo. Isso pode evitar problemas no futuro e garantir que a nova legislação venha mais equilibrada e ajustada à realidade do mercado.
Por outro lado, o relógio continua correndo para as empresas. Sem uma data definida para a aprovação final, o risco de um prazo curto para implementação da reforma aumenta. E, como todos sabemos, adaptar processos internos, sistemas e estratégias em cima da hora pode trazer impactos financeiros e operacionais graves.
Nesse cenário, o melhor que as empresas podem fazer é manter o foco e usar esse tempo sabiamente para se prepararem. Nesse cenário, alguns pontos importantes devem ser considerados:
- Revisar detalhadamente a legislação e confirmar os entendimentos junto à área tributária.
- Refinar a análise dos impactos da reforma em todas as áreas da empresa.
- Engajar outras áreas, como financeiro, jurídico, TI e operações, para que entendam seus papéis nesse processo.
- Evoluir nas discussões com a área de TI, visto que os impactos nos sistemas serão significativos e exigirão adaptações complexas.
Estamos diante de um momento onde o tempo é tanto aliado quanto inimigo. Cabe a cada empresa decidir como usá-lo para estar preparada quando a nova lei bater à porta.
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Filipe Rezende do Amaral é filho, irmão, marido e pai. É advogado tributarista com mais de 15 anos da experiência na área tributária com passagens por Big4 e multinacionais.