Drex facilitará criação de contratos inteligentes

Diretor da Febraban relata que representação digital da moeda brasileira, o Real, facilitará a negociação de acordos ao introduzir novas possibilidades de automação e segurança nas transações financeiras
drex

Por Douglas Rodrigues

O Drex, a moeda digital brasileira, revolucionará o mercado ao introduzir novas possibilidades de automação e segurança nas transações financeiras. Uma das principais formas de facilitação é por meio dos smart contracts (contratos inteligentes), que permitem a execução automática de transações com condições pré-programadas. Isso significa que, em transações complexas, como a compra e venda de ativo. 

Além disso, a tecnologia de registros distribuídos (DLT, ou Distributed Ledger Technology –vulgarmente conhecida como Blockchain), que é a base do Drex, permite maior transparência e segurança nas transações, uma vez que os dados são armazenados de forma distribuída e não centralizada. Isso diminui o risco de falhas no sistema, garantindo que as transações tributárias ocorram de maneira segura e eficiente. 

“Você consegue trabalhar isso de uma forma simultânea, que é o que a gente chama de liquidação atômica. Então se estabelece regras ou múltiplas condições que elas só dão sequência se todas elas estiverem sendo cumpridas. Isso traz um nível de segurança sensacional”, disse Ivo Mósca, diretor-executivo de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). 

Outra vantagem da moeda digital é a possibilidade de fracionamento de ativos, tornando processos de compra mais ágeis e transparentes. “Mas tudo isso, você precisa tokenizar o lado do ativo para poder fazer funcionar da forma correta”, afirmou Mósca. Diferentes camadas e setores estarão envolvidos nesse processo. Para ativos financeiros, como CDBs e debêntures, o próprio sistema financeiro e entidades como a B3 podem ser responsáveis. Para ativos não financeiros, como imóveis e veículos, serão necessários avanços tecnológicos e a adesão de setores reguladores e registradores, como cartórios e Detran, para criar uma rede distribuída e segura. O Drex traz essa habilitação, mas exige avanços tecnológicos em vários setores, relatou o executivo. 

“O Drex não é só um arranjo transnacional, meio de pagamento: ele é uma representação digital da nossa moeda”, falou. “Isso significa que você não tem uma base central de armazenamento, de processamento, de liquidação”. 

“É por isso que a gente fala que o Drex ele é uma solução em busca de um problema. Por quê? Porque ele traz uma habilitação, ele fundamenta a possibilidade de você desenvolver novos produtos.” 

O Banco Central do Brasil cogita começar oficialmente a implementação do Real Digital a partir de 2025.  

plataforma drex info

Segurança 

Um dos maiores desafios do novo mecanismo será a capacidade de armazenamento. Por outro lado, há benefícios como maior estabilidade da rede e segurança. Hoje, por exemplo, quando o Pix sai do ar, por 10 minutos, paralisa o Brasil. O Drex não terá esse risco. Além desses, há a possibilidade de maior garantida de crédito. 

Sem especulação e maior estabilidade 

Segundo Mosca, o Drex difere fundamentalmente de criptoativos como o Bitcoin e stablecoins em aspectos-chave, especialmente no que diz respeito à especulação e à estabilidade de valor. 

“O Drex acaba não tendo valor especulativo. Ele é uma representação do real. Então ele não tem oscilação ou especulação em relação ao valor. Independentemente de onde ele é custodiado, ele vale a mesma coisa”, explica Mosca. Isso significa que, ao contrário das criptomoedas tradicionais, cujo valor pode variar drasticamente em curtos períodos, o Drex mantém o mesmo valor estável que o real físico, refletindo diretamente a moeda soberana brasileira. 

O Drex será equivalente a um stablecoin do ponto de vista tecnológico, mas com uma diferença crucial: o ambiente de regulação. “O Drex vem com o objetivo de você tentar trazer os benefícios da tecnologia que os stablecoins criam, mas trazer para dentro de um ambiente regulado, para dentro de um ambiente de controles fiscais”, afirmou ele.  

Enquanto os stablecoins geralmente operam fora da supervisão direta de bancos centrais ou órgãos fiscais, o Drex é projetado para funcionar dentro de um sistema totalmente regulado, o que ajuda a combater a informalidade e a evasão fiscal. 

Com a evolução do sistema, Drex até poderá auxiliar na gestão de tributos, reduzindo riscos e erros humanos por meio dos contratos inteligentes – modelos que serão testados pelo mercado no futuro. 


Essa reportagem foi publicada com exclusividade na Revista da Reforma Tributária. Acesse a edição completa aqui (é gratuito).