Como o líder pode ajudar a sua equipe a extrair o melhor da legislação

O papel da liderança neste momento é o de facilitador, escreve Nicholas Meira

Por Nicholas Meira

A reforma tributária é um tema recorrente no cenário econômico brasileiro, trazendo consigo desafios e oportunidades para empresas e profissionais da área fiscal. No contexto de gestão de equipes, a liderança tem o dever de guiar seus times da melhor forma possível através das complexidades e mudanças que a reforma trará. E hoje, vamos refletir um pouco sobre como o líder pode ajudar sua equipe a extrair o melhor da legislação tributária, aproveitando ao máximo as competências individuais e coletivas.

O papel da liderança neste momento é o de facilitador, garantindo que sua equipe esteja bem informada e preparada para enfrentar os desafios impostos pela nova legislação. Isso envolve não apenas estudar e compreender as mudanças, mas também a capacidade de traduzir essas mudanças em estratégias práticas que beneficiem a organização.

Conhecendo o time

Para início de conversa, se um líder quiser extrair o melhor da equipe, é essencial que ele conheça as competências e habilidades de cada membro. Assim, o gestor pode alocar tarefas de forma estratégica, maximizando o potencial de cada um e evitando delegar tarefas que envolvem habilidades técnicas que alguns colaboradores ainda não possuem. Por exemplo, um membro da equipe com forte habilidade analítica pode ser designado para realizar simulações de cenários, enquanto outro com experiência em comunicação pode elaborar pareceres claros e concisos para a alta administração.

Ainda, entender o perfil de atuação de cada área dentro do time de Tax é fundamental para a correta alocação/delegação das atividades. Para aquelas pessoas que atuam em Tributos Diretos, por exemplo, conhecer o impacto da reforma tributária no balanço da empresa e saber traduzir isso em números é fundamental para que sentemos nas mesas municiados de informações estratégicas e que impactam os shareholders. Ao mesmo tempo, aquelas pessoas focadas no compliance (massivamente alocadas em Tributos Indiretos), saber como calcular os novos tributos que serão criados e saber como lidar com o período de transição será fundamental para manter o Compliance em ordem, deixando o time que atua com o Contencioso fiscal em uma situação mais confortável. E assim a roda do time fiscal gira com mais tranquilidade, ou melhor, com menos dor de cabeça.

Além disso, mais uma vez, destaco aqui a importância das soft skills. Hoje as habilidades sociais, de tomada de decisão, análise crítica e adaptabilidade, são mais essenciais às empresas que as habilidades técnicas, ou hard skills. Estar atento ao time e ajudar as pessoas no crescimento e desenvolvimento destas habilidades certamente trará resultados expressivos para a empresa e consequentemente colocará a área tributária (ainda mais) em evidência.

O uso das tecnologias e demais ferramentas neste processo

A tecnologia desempenha um papel essencial em todas as áreas de atuação, dentro do tributário e fora. Então, por que não utilizá-las a nosso favor na adaptação às mudanças tributárias? Ferramentas de automação e softwares de gestão tributária estão sendo cada vez mais utilizados e servem para simplificar processos complexos e aumentar a eficiência, liberando os colaboradores de tarefas que podem ser realizadas pela IA . Um líder eficaz deve incentivar sua equipe a adotar e dominar essas tecnologias, promovendo treinamentos e workshops para os liderados, de forma que a utilização e aplicação destas ferramentas tragam cada vez mais benefícios para o negócio.

Você sabia que só no ano de 2023 foram criadas mais de três milhões e oitocentas mil novas empresas no Brasil? E todas essas empresas possuem algo em comum: impostos. Apurar, pagar e declarar tributos é grande parte das atividades destas empresas.

Uma pesquisa da Deloitte, denominada “Tax do Amanhã” (acesse aqui) analisou que as empresas brasileiras chegam a gastar entre 7 mil e 43 mil horas por ano apenas para realizar as atividades de apuração, declaração e pagamentos dos tributos. E, apesar do expressivo gasto de horas com a conformidade tributária, ainda é necessário gerir uma quantidade significativa de litígios tributários. A tabela abaixo apresenta os dados da pesquisa:

É um gasto enorme de tempo e de mão de obra para realizar processos que podem ser substituídos por softwares. Mais da metade dos executivos globais acreditam que, para os próximos três a cinco anos, a área tributária demandará por profissionais com habilidades para analisar dados e apresentar insights estratégicos, conforme aponta o estudo Tax Transformation (acesse aqui), também da Deloitte.

Ou seja, voltamos ao início deste artigo: a importância de capacitar sua equipe e guiá-la neste percurso desenvolvendo em seus liderados capacidades de análise de dados, tomada de decisões estratégicas e a percepção das mudanças para além da legislação, com foco nos impactos no negócio e principalmente nas oportunidades, que convenhamos, são muitas.

A reforma tributária é um campo fértil para o desenvolvimento de competências individuais e coletivas. Ao conhecer profundamente seu time, utilizar tecnologias de ponta e promover o desenvolvimento contínuo, um gestor pode garantir que sua equipe não apenas sobreviva, mas prospere em um cenário tributário em constante evolução. Assim, a reforma tributária não se torna apenas uma obrigação legal, mas uma alavanca para o desenvolvimento profissional e organizacional, e você, líder, tem um papel fundamental para capacitação, incentivo e desenvolvimento do seu time!

Vamos juntos?


Nicholas Meira é gestor de tributos na Philip Morris Brasil e presidente na Comunidade Power Tax Brasil, uma comunidade tributária com mais 150 tributaristas, que representam mais de 80 empresas de diversos segmentos de mercado. É casado com a Bruna e pai da Laura. Atua na área de Tax por mais de vinte anos, com passagens por multinacionais líderes em seus segmentos de mercado, tendo atuado nas áreas de tributos diretos, indiretos, tributação de folha, TP, tributação internacional e outras frentes.


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