Por Redação – Vitória (ES)
O clima para investimentos no Brasil foi tema de debate entre autoridades governamentais, investidores e CEOs de grandes empresas em um evento realizado em Vitória (ES) na última semana: o Horarsis Global Meeting, realizado pela primeira vez na América do Sul.
O editor-chefe do Portal da Reforma Tributária, Douglas Rodrigues, esteve em um dos debates para apontar os desafios da transição do novo modelo tributário sobre o consumo, aprovado pelo Congresso em 2023.
Segundo Rodrigues, milhares de empresas terão que fazer um planejamento estratégico em tax para se manterem competitivas com o novo sistema, o que necessitará de maior investimento nesse segmento e na atualização das cadeias de suprimentos de grandes companhias.
“A reforma tributária está em fase avançada de regulamentação no Congresso e novos tributos vão começar a funcionar já em 2026”, falou. “As empresas terão que conviver com o velho e o novo sistema por 7 anos, o que pode impactar as receitas e os lucros das companhias que não se preparem”.
Nesse contexto, o Brasil registrou uma entrada de investimento direto de US$ 71,8 bilhões R$ 410 bilhões nos últimos 12 meses, o que equivale a 3,23% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com o Banco Central.
Adalberto Bueno Netto, fundador e CEO (Chief Executive Officer) da LAT Global, citou que a maior parte do investimento é concentrada em 500 cidades. Isso significa que, ao aplicar recursos no país, é importante observar como os players municipais estão de posicionamento para a atração dessas empresas, o que pode ser um fator decisivo para o sucesso das companhias. Ele alertou também para a guerra fiscal entre os Estados, que pode impactar o modelo de negócio no país. No Brasil, Estados dão subsídios tributários para atrair negócios. Com a reforma tributária, as isenções fiscais vão acabar nos próximos anos e olhar para outros pontos ofertados pelos players municipais será cada vez mais essencial.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, citou na abertura do evento que está investindo pesadamente em infraestrutura para melhorar o ambiente de negócios, elevar a renda da população local e atrair turistas. Na avaliação dele, o poder de compra maior pode elevar o consumo local. O Estado é bem-posicionado geograficamente, entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. A região tem grandes operações de mineradoras, como a Vale, e petroleiras, como a Petrobras.
“Nosso estado tem 4,1 milhões de habitantes. É um estado pequeno em população. Para a gente poder ter poder de consumo, nós precisamos ofertar qualidade de vida ao estado. Isso vai atrair gente para cá”, afirmou o governador.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, esteve no local e falou que o Brasil tem 20 milhões de empresas. Mas o número pode dobrar nos próximos anos com a necessidade de maior formalização dos negócios com a reforma tributária para apropriação de créditos.
Thais Carneiro, CEO e fundadora da FIND, uma plataforma de soluções tributárias, apontou que a aplicação de tecnologias é um caminho para a adaptação para o novo modelo.
Ao mesmo tempo, o país vem se posicionando cada vez mais para receber investimentos verdes, com sua diversidade e matriz energética, apontou Silas Pinto, mediador do seminário sobre o ambiente de investimentos. Ele também é CEO do U.S. Brazil Network –companhia que faz conexões entre o Brasil e os Estados Unidos.
No painel, Paulo Henrique da Costa Correa, diretor do Valor Investimentos, apontou que o país tem muitas oportunidades para quem quer aplicar recursos no longo prazo. A tese foi reforçada por Sérgio Costa, CEO do Strings Group, que listou as possibilidades de negócios na região da Amazônia.
O Horaris Global Meeting já foi realizado em Portugal, Inglaterra e Turquia, reunindo representantes de 70 países. O fundador é Frank-Jünger Richter, que promoveu debates sobre o futuro do planeta, ESG, economia e posicionamento do Espírito Santo nesse segmento.