Por Pedro Nery
Contador(a), você já partiu para a ação para faturar mais com a reforma tributária? Levantei tópicos contextualizando os pontos fortes da reforma e oportunidades.
Um dos principais pontos é que o novo regime da reforma tributária faz com que a apuração da CBS e do IBS passe a ser através de débitos e créditos. Empresas do Simples Nacional, ao comprar de fornecedores, não tomam crédito, o que encarece suas operações, pois o imposto vira custo e não pode ser repassado integralmente. Além disso, operações de crédito presumido são substituídas pela operação transacional do IVA.
Vale lembrar da extinção do PIS e da Cofins e impacto sobre empresas no lucro presumido. Este é o primeiro colapso no Brasil, por que pensa só quantas e quantas empresas não estão no lucro presumido por conta daquela alíquota menor do PIS e Cofins cumulativo?
Se o PIS e Cofins desaparecem, tudo vai para o sistema da não cumulatividade plena. Talvez milhões de empresas que estão no Lucro Presumido vão ter que migrar para o Lucro Real.
Isso mostra a necessidade de reestruturação tributária das empresas, incluindo mudança de regime de Lucro Presumido para Lucro Real.
Imagina só 1,2 milhão de empresas do Lucro Presumido tendo que mudar de regime tributário ao mesmo tempo. É isso que vai acontecer daqui a dois anos. As empresas vão precisar se reestruturar completamente, seja para impor um regime tributário mais sofisticado ou para um regime menos simplificado.
Em menos de dois anos todas as empresas do Brasil terão que fazer um planejamento tributário ao mesmo tempo para saber em que regime ficarão. Pequenas e médias empresas vão precisar de controle financeiro, porque “se eu comprei sem nota, não tomo crédito. Se eu comprei em nome do CPF, CNPJ, não tomo crédito”. Logo, essas empresas vão precisar de gestão financeira.
Outro desafio surge em 2029, com o início de uma intensa transição onde o ICMS e o ISS serão gradualmente substituídos pelo IBS. Esse processo será longo e, ano após ano, o percentual de ICMS e ISS diminuirá, enquanto o do IBS aumentará. Durante essa mudança, haverá impactos significativos, como o fim dos regimes especiais de tributação.
E você está preparado para ajudar na condução das mudanças e adaptação das empresas ao novo cenário tributário? Quem não se preparar pode ter mais dificuldades de conquistar clientes, além de perder clientes para concorrentes mais preparados.
Você precisará auxiliar os clientes estudando o preço de compra, preço de venda e margem, por exemplo. As empresas terão que renegociar contratos e ajustar margens para lidar com a revisão de todo o processo de compras, vendas e a parametrização de preços.
Com todo esse contexto, ser contador consultivo é o passaporte para aumentar o ticket médio dos seus serviços. Se antes ainda não havia caído a ficha sobre a importância de ampliar seus serviços voltados à saúde financeira das empresas, o cronograma da reforma torna essa necessidade ainda mais evidente.
Os empresários vão enfrentar desafios gigantes, mas só vão pagar a mais para contadores que valem a pena, que se posicionam para além da conformidade.
E você? Vai agir para entregar o melhor para o seu cliente, sendo mais valorizado através da contabilidade consultiva, ou vai ficar na torcida para o cliente não te trocar?
Pedro Nery é CEO da Contabilidade.net e mentor de negócios do Contabilidade Consultiva.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.
Esse artigo foi publicado com exclusividade na Revista da Reforma Tributária. Acesse a edição completa aqui (é gratuito)